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23/03/2007 - 18h32

"300" é fiel ao original, mas ganha formas hollywoodianas

JOSÉ BUENO DE SOUZA
da Redação

Divulgação

''300'' é baseado na graphic novel de Frank Miller e tem Rodrigo Santoro no elenco

''300'' é baseado na graphic novel de Frank Miller e tem Rodrigo Santoro no elenco

Ao assistir o filme "300", que estréia no próximo dia 30 nos cinemas, quem leu a HQ original de Frank Miller na qual o longa se baseia vai conseguir notar exatamente o que um filme precisa ter para virar sucesso de bilheterias pelo mundo, sem mudar completamente o original.

Sob o comando do diretor Zack Snyder (de "Madrugada dos Mortos"), "300" reproduz com muitos detalhes o gibi, mas não deixou de tentar "apimentar" a história com alguns detalhes a mais.

O filme usa praticamente o tempo todo efeitos de computação gráfica para criar os cenários da batalha de Termópilas, em que apenas 300 soldados espartanos enfrentam e detêm por algum tempo o avanço do monstruoso exército persa, que tentava dominar a região da Grécia antiga.

Os espartanos são liderados pelo bravo rei Leônidas (interpretado pelo escocês Gerard Butler) que desafia o poderoso e vaidoso rei persa Xerxes, interpretado por Rodrigo Santoro.

Se é de guerra que os espartanos gostam, é isso que eles terão. O filme é praticamente todo tomado por longas e sangrentas cenas de batalhas entre os inúmeros e exóticos soldados persas e os poucos, mas extremamente ferozes e habilidosos espartanos. Como num videogame, os combates são minuciosamente coreografados, tratados com jogos de câmera e efeitos que valorizam o minucioso trabalho visual do filme. Tudo isso é temperado com fartas doses de sangue espirrando para todos os lados.

Espadas se chocando contra escudos ou decepando membros indiscriminadamente podem fazer de "300" o filme mais legal do século para os amantes da pancadaria, mas também pode deixá-lo um pouco chato e repetitivo. Para compensar essa grande falta de assunto, o diretor e também roteirista Zack Snyder engrossou o caldo com uma história paralela que não estava presente na HQ original.

Personagem periférica nos quadrinhos, a rainha Gorgo de Esparta (interpretada por Lena Headey) tem um papel muito mais importante na versão das telonas. Ela é protagonista de uma trama política em que tenta convencer os demais governantes da cidade-estado a enviar reforços para seu marido que partiu para guerra desobedecendo as ordens dos oráculos.

Essa história paralela é o que faz de "300" um filme com jeitão de sucesso de bilheterias, e não uma simples sucessão de pancadarias. Mesmo assim, não espere profundidade ou grandes reviravoltas, "300" continua sendo um divertido filme de ação com um visual muito bem cuidado e só.

Apesar dessa adição, a condução da trama é bem fiel ao clima dado por Frank Miller, inclusive na preferência do autor pela valorização da violência e desse código de honra maluco dos espartanos, que não perdem a chance de ir para uma guerra. Lembra alguma superpotência mundial de hoje em dia?

Rodrigão
A participação de Rodrigo Santoro no filme provavelmente vai deixar o público um pouco surpreso. Não por que ele apareça quase nu, com o corpo coberto por jóias de ouro, piercings e brincos. Nada disso. O problema é quando ele abre a boca e fala.

Xerxes é retratado como uma figura extremamente vaidosa e megalomaníaca, que se considera uma divindade a dominar tantas nações do império persa. Pois bem, o jeito encontrado para retratar esse ar arrogante e superior do soberano persa foi lhe dar uma voz grave e afetada. Santoro dá vida a Xerxes com muita competência, com gestos assombrosamente semelhantes às posturas do personagem no gibi. Mas sua voz foi alterada por efeitos especiais de maneira a soar artificial, inumana. É melhor se preparar para uma surpresa.
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