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23/03/2007 - 18h32

HQ "Os 300 de Esparta" é como os espartanos: boa de briga e sem firulas

JOSÉ BUENO DE SOUZA
da Redação

Divulgação

''Os 300 de Esparta'' foram publicados originalmente em 5 edições. Depois, ganharam um encadernado

''Os 300 de Esparta'' foram publicados originalmente em 5 edições. Depois, ganharam um encadernado

A cidade-estado Esparta, da Grécia antiga, ficava localizada na região da Lacônia e tinha uma cultura profundamente ligada à guerra e ao rigor do treinamento militar. Por isso surgiu a expressão "lacônico", para se referir a uma pessoa reservada e de poucas palavras. Por isso também, se diz que alguém rigoroso e que viva sem confortos ou luxos é alguém "espartano".

É exatamente assim a história em quadrinhos "Os 300 de Esparta", publicado no Brasil pela editora Devir (cuja adaptação ao cinema estréia semana que vem no Brasil), escrita e desenhada por Frank Miller e colorida por Lynn Varley: direta e sem muitas firulas.

Miller, também autor de "Sin City" e "Batman - O Cavaleiro das Trevas", conta a história da Batalha de Termópilas, em que 300 soldados espartanos, liderados pelo rei Leônidas, enfrentam um enorme exército persa, sob o comando do rei Xerxes, que pretendia invadir a Grécia.

O gibi "Os 300 de Esparta" foi publicados inicialmente nos EUA como uma série dividia em cinco edições pela editora Dark Horse Comics, em 1998. No ano seguinte, o trabalho rendeu a Miller e Varley três prêmios "Eisner", a mais importante premiação dos quadrinhos norte-americanos.

O trabalho tem um formato pouco convencional para HQs. Cada página do livro tem praticamente o dobro da largura do "formato americano". A forma diferenciada, na verdade, acaba dando um efeito semelhante à grandeza das telas de cinema. Com tanto espaço, Frank Miller aproveitou para usar desenhos amplos, quase sempre "vazando" pelas páginas.

Com tudo isso, a história é contada de forma muito objetiva e cheia de ação. Na verdade, "300" é ação o tempo todo. Desde o primeiro momento em que se fala da tradição guerreira da cidade-estado até as sucessivas batalhas entre persas e gregos.

Mas o fato de ser grandemente dedicada ao combate, não faz com que a história em quadrinhos fique chata, só com cenas de pancadaria. Tudo se resolve muito rapidamente, e a emoção da história cresce até o grande sacrifício de todos os 300 guerreiros espartanos. Calma! Saber disso não estraga o final do gibi.

Se tem algo que é muito bom em "Os 300 de Esparta" é justamente a forma como Miller conta a história dessas batalhas. Como a HQ se inspira em fatos históricos, não se poderia esperar outro resultado se não a morte dos espartanos diante do numeroso exército persa. Mas a cada página virada não dá para deixar de pensar que os heróis da história vão sair vitoriosos.

Como um gibi, "Os 300 de Esparta" é realmente muito bom. Mas é importante lembrar que o autor não pretendia fazer um preciso relato histórico do evento. Muito pelo contrário. Como é característico de seus trabalhos, Miller celebra o estrito e violento código de honra dos espartanos, sempre dispostos a fazer guerra, e deixa de lado alguns aspectos que não merecem aplausos, como a tradição eugenista espartana, capaz de descartar sumariamente crianças doentes ou com problemas físicos.

O filme
"Os 300 de Esparta" recebeu uma adaptação para o cinema bastante fiel ao original. O que mais chama a atenção no filme é o lado visual, que, a exemplo de "Sin City", usou recursos de computação gráfica para criar todos os cenários e efeitos especiais em estúdio. E, o que é mais legal para quem já leu a HQ, também reproduz diversos quadrinhos do gibi praticamente iguais aos desenhados por Frank Miller. Veja nos links ao lado mais sobre o filme, galerias de imagens, trailer e mais um montão de coisas sobre "300".
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