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29/06/2007 - 12h00

Grandes restaurantes franceses serviram de inspiração para o desenho "Ratatouille"

Divulgação

Ratinho Remy sonha em ser um grande cozinheiro

Ratinho Remy sonha em ser um grande cozinheiro

NOVA YORK, 29 jun (AFP) - A gastronomia francesa e seus grandes chefs, emulados pelo ratinho Rémy, são os protagonistas de "Ratatouille", o longa-metragem de animação que obrigou a produtora Pixar da Disney a passar horas observando os segredos dos grandes restaurantes de Paris.

"Em princípio, o que poderia me irritar era a idéia de um rato na cozinha", admite o chef Guy Savoy, entrevistado por telefone.

"Porém, este rato, dotado de um delicado paladar, tenta convencer os seus pares de que a boa alimentação é fundamental e que não se deve comer mais do lixo", acrescenta.

O famoso chef concordou então em abrir as portas de sua cozinha para a equipe de produção.

"O que os fascinou foi a cadência da cozinha. E isso, por outro lado, é o que chama a atenção no filme: o ritmo".

"Estavam muito interessados na 'coup de feu'", conta André Terrail, proprietário do Tour d'Argent, em referência ao momento de tensão e cotidiano na vida de todo grande restaurante, no qual os pedidos começam a aparecer em forma de avalanche: "Um badejo para a senhora! Um pato para o senhor!, etc", conta.

O filme que acaba de estrear nos Estados Unidos recria fielmente um restaurante tradicional de uma Paris mágica e algo ultrapassado na moda, com muros altos cobertos de veludo, padrão imponente e cozinha agitada.

Além do Tour d'Argent, do qual Terrail afirma ter reconhecido no longa-metragem sua bandeja de queijos e até seu "maître d'hôtel", o filme também se inspirou no vistoso restaurante parisiense Le Train Bleu.

O ambiente na cozinha do filme é muito profissional. Rémy, o rato, é habilidoso em cada ofício: chef, seu adjunto, chefe de setor, etc.

"Sempre deixa limpa a mesa de trabalho", afirma Colette, a cozinheira, que também ensina ao ratinho a arte de reconhecer um bom pão: "Escuta, é uma sinfonia crocante."

A idéia é deixar o espectador com água na boca. O decorador, um ex-cozinheiro, preparou verdadeiramente todos os pratos do filme, para ajudar os desenhistas a reproduzir minuciosamente a realidade: miolos, vol-au-vents, vitelas...

Parte da equipe acabou fazendo um verdadeiro curso de cozinha. Os demais recorreram a Thomas Keller, o chef californiano de maior prestígio nos Estados Unidos.

"O melhor foi criar o ratatouille legumes na frigideira -, o prato que, no filme, se transforma no principal, e vê-lo depois recriado na versão animada", explica à AFP Keller, que também empresta sua voz a um cliente. O chef catalão Ferrán Adria faz o mesmo na dublagem para o espanhol.

Porém, além da vida entre as panelas, "Ratatouille" também evoca o poder dos críticos gastronômicos, a disputa desenfreada pelas estrelas de qualificação nos guias especializados e a tentação venal de ceder o nome a uma marca de comida congelada.

O tema escolhido representa sem dúvida um desafio para a Pixar e reflete o interesse crescente pela gastronomia refinada nos Estados Unidos, onde os grandes chefs ganham fama e Las Vegas é um destino culinário.

O argumento não é fácil de resumir aos americanos, admitem os criadores. "Ratatouille" não era um título evidente e foi preciso colocar a pronúncia fonética em inglês no cartaz (ra-ta-tuí, em português).

"Aceitamos com gosto provocar um pouco o público", disse o produtor Brad Lewis à AFP.

"Aqui as pessoas retornam da França dizendo 'adoro a comida e os franceses'. Quisemos fazer o mesmo com o filme e afirmar 'venham assistir, vão ver os franceses, a grande gastronomia e rir".

Para os restaurantes, o filme constitui uma excelente promoção. Segundo André Terrail, "demonstra que a alta gastronomia não é tão inquietante, pretensiosa ou complicada".